Queda do IOF é sintoma de governo que não entendeu como faz política tributária, diz Duquesa de Tax
Fonte: Folha de S. Paulo
Após pouco mais de um mês de idas e vindas, a novela sobre o Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) chegou ao fim com um gosto amargo para o
governo. A derrubada do decreto que alterava as regras do IOF escancarou o
que muita gente já suspeitava: não se trata apenas de um problema de
comunicação, mas de articulação política mesmo. O governo parece ter perdido
a mão — e a base. E dessa vez, o Legislativo não apenas reclamou: agiu rápido,
derrubando o texto em 33 dias e impondo uma derrota retumbante.
“Vocês têm noção do que é derrubar um decreto presidencial por Projeto de
Decreto Legislativo (PDL)? A última vez que isso aconteceu foi na década de
90 no governo Color”, diz a colunista do Estadão, Maria Carolina Gontijo, a
Duquesa de Tax, no programa Não vou passar raiva sozinha desta semana.
Segundo ela, essa história que o governo vem tentando contar de que não é
aumento de imposto, mas só uma correção técnica não cola mais. “A
criatividade tributária do governo está ficando previsível.” Segundo ela, há um
esgotamento de modelo de arrecadação improvisada, sem articulação política.
“Modelo de governo que promete responsabilidade fiscal, mas que governa
com medida provisória e orçamento fictício. Modelo que tenta a cada novo
pacote resolver a conta sem reorganizar o orçamento, sem cortar gasto, sem
enfrentar privilégio.”
O problema, diz ela, é que agora há o agravante do descrédito, do desgaste
político, da narrativa de um governo que não só falha na articulação, mas insiste
nos mesmos erros. “Tudo isso é sintoma de um governo que ainda não
entendeu como faz política tributária num ambiente democrático.”
Programa
Todas as quintas-feiras, às 9h30, a Duquesa de Tax faz reacts (comentários
sobre outros vídeos ou entrevistas) do noticiário econômico no Estadão. Além
disso, tem o programa semanal Não vou passar raiva sozinha. Os vídeos inéditos
vão ao ar sempre às segundas-feiras, às 9h30, para assinantes do Estadão.
Cortes do programa são distribuídos ao longo da semana nas redes sociais e na
Rádio Eldorado. A atração também tem uma versão em podcast.